A SAUDADE INVADIU O MEU CORAÇÃO HÁ 20 ANOS!

Hoje, dia 23 de dezembro, a dois dias do Natal foi o dia escolhido pela D. Saudade para habitar numa das maiores divisões do meu coração e nunca mais de lá saiu.
A minha avó paterna viveu em minha casa até dia 23/12/1998 e com ela tinha uma relação única. Vivíamos numa bolha de amor gigante e que pensávamos que nunca seria rebentada.
A avó Lucrécia foi uma grande mulher: conserveira de profissão (trabalhava em duas fábricas e quando tocava a sirene lá saia ela de casa a correr). Chegava a ter dias e dias de trabalho sem qualquer paragem. Tinha sempre o coração nas mãos devido à profissão do meu avô (pescador) e afinal não foi o mar que precocemente lhe tirou a vida. Viviam numa casa muito pequenina em tamanho mas grande na capacidade que tinha em ter lá dentro três pessoas maravilhosas (e até um macaco foi lá passar uns dias e deixou na nossa família histórias que recordamos sempre de sorriso no rosto!!)
Quando o meu avô partiu a minha avó ficou completamente devastada. Os meus pais decidiram que o melhor era ela ficar a morar em  nossa casa e assim foi.
Não dormia sem um beijinho meu de boas noites. Só conseguia adormecer com o rádio ligado (ao fechar os olhos ainda consigo ouvir a música do seu grande companheiro de noites). O seu coração era fraquinho e traiu-a. Na madrugada do dia 23/12 sentiu-se mal, os meus pais levaram-na para o hospital e nem me pude despedir.
De manhã quando acordei a sua cama estava vazia. A minha mãe (forte como mais ninguém que conheço) disse que a avó estava no hospital porque o seu coração não estava muito bem. Claro que eu e a minha mana ficámos logo muito preocupadas. O meu pai nesse dia teve de ir para o Alentejo fazer um espetáculo de palhaços. Eu fui para Alhos Vedros, terra do meu namorado e atual  marido (conseguiu concretizar esse sonho: conhecer o namorado da sua neta e futuro marido).
A minha mãe sozinha lá foi para o hospital,  recebeu a notícia da morte da minha avó e tratou de tudo sozinha (mulher do caraças!!). A notícia da sua morte caiu que nem uma bomba (O quê? Não podia ser. Não lhe dei o beijo de despedida e tinha os seus presentes debaixo da árvore de Natal).
O meu pai apercebeu-se do que se estava a passar e fez o espetáculo mais duro da sua vida (teve de fazer rir as crianças ao mesmo tempo que chorava a partida da sua mãe).
Os meus tios e primas deram-nos um grande apoio neste momento de luto.
O dia 23 é vivido sempre com uma grande angústia, saudade e mesmo que eu não queira as lágrimas vão caindo a conta gotas.
Avó querida, obrigada por todo o amor que nos deste. A tua Susana está bem (q.b.) mas tem tantas saudades tuas… Amo-te daqui até… onde tu estás!



1 comentário:

  1. Obrigado filha por seres quem és, de aparência frágil, mas herdas-te uma boa parte da capacidade de ser forte como a tua mãe, e como prova disso, foi o que viveste nos últimos dias com a partida de mais uma vez dia 23 de Dezembro, do nosso Paulo, teu compadre, por três vezes, primeiro foste tu e o Luís que tiveram o privilégio de serem escolhidos pelo Paulo e a Isabel, para serem padrinhos da Carolina, depois foi a Isabel e o Paulo que tu e o Luís escolherem para serem os Padrinhos das vossas filhas a nossa Mariana e a nossa Madalena e que orgulho que os 4 tinham em serem compadres, agora com a partida do Paulo Ficámos todos mais pobres, mas tu tens sido uma mulher gigante nestes últimos dias, tenho um grande orgulho em ti.

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