QUANDO BATE A SAUDADE...

A minha mãe tem em casa guardadas, em objetos ou fotografias, recordações, pedaços da nossa vida.
No domingo pedi-lhe que me fosse buscar alguns álbuns de fotografias para poder partilhar convosco um pouco da minha história. E foi aí, nesse momento que entrou em cena a D. Saudade. Ela até não faz por mal mas sempre que vem consegue apoderar-se do nosso coração, controla à sua maneira as nossas emoções e quando damos por nós... Os olhos inundam-se mesmo que as recordações sejam muito boas porque vimos nessas fotos pessoas que amamos e que já não estão fisicamente entre nós (e cada vez são, assustadoramente e sem respeitar a lei da vida, mais e mais). 
Quando olhamos depois em nosso redor e vimos três carinhas que ficam tristes quando nos vêm chorar respiramos fundo e vamos buscar dentro de nós, forças para continuar esta nossa caminhada (mesmo que cada vez mais desamparados).

Termino com o poema que para mim melhor define a saudade e que é da autoria de Jorge Fernando (sempre que oiço estes versos cantados chove dentro e fora de mim!)

CHUVA

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
Da história da gente
E outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir
São emoções que dão vida
À saudade que trago
Aquelas que tive contigo
E acabei por perder
Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai, meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva
Há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

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UMA FAMÍLIA QUE NASCEU DE OUTRA FAMÍLIA!

Na minha adolescência integrei o Teatro de Animação de Setúbal enquanto estagiária e num dos anos em que lá estive o jornal "O Setubalense" fez-nos a proposta de escrevermos uma espécie de telenovela que foi começada pelo Diretor da companhia, o nosso saudoso Carlos César.  Foi sendo dada continuidade à mesma por todos os que faziam parte da família TAS.
Nasceu então "A Família Agapito" que tinha uns personagens muito bem "caçados" e que se envolviam em peripécias do "arco da velha".
Hoje partilho aqui convosco o episódio que foi escrito por mim... Espero que gostem! (desculpem a má qualidade da imagem mas o jornal já tem uns bons anitos!)


OBRIGADA LUÍS ALELUIA!

Esta semana soube através de publicações na sua página do Facebook  que o Luís tinha sido entrevistado pela Fátima Lopes e claro que hoje estive bem atenta à entrevista que mais uma vez mostrou ao país, o grande homem que é este nosso ator, bem setubalense.
Na entrevista, várias vezes se falou da sua generosidade e sobre a qual eu hoje aqui vou dar o meu testemunho pessoal e demonstrar a enorme gratidão que tenho para com ele.
Quando o meu pai adoeceu (não vou dizer que com doença prolongada) com cancro na próstata para além da revolta que se apoderou dele (e de nós) sentia que não estava a ser bem acompanhado clinicamente e sempre pensou que o melhor tratamento para o seu problema se encontrava no IPO de Lisboa. Chegar até lá não estava a ser nada fácil. 
O Luís Aleluia naquela altura tinha uma loja na baixa de Setúbal que ficava bem próxima do café que os meus pais tinham e várias vezes ia até lá. Numa das suas conversas com  o meu pai, que lhe relatou o se andava a passar e manifestou qual a sua grande angústia, prontamente o amigo Luís disse que iria contactar alguém (ou vários alguéns) que conhecia naquele hospital tentando que fosse visto por um médico de lá. Naquele momento (lembro-me como se fosse hoje) estava internado no IPO o ator Morais e Castro (o professor do menino Tonecas) e o Aleluia ia lá praticamente todos os dias vê-lo. Um enorme amigo: está sempre presente na vida dos que estima!
Após o seu contacto as portas desta unidade hospitalar rapidamente se abriram para o meu pai que ouviu o que tanto esperava: ia ser operado. Sempre pensou que a cirurgia seria o melhor para o seu caso (afinal não foi bem assim e a história teve o fim que ninguém queria e para o qual ele não estava mesmo preparado. Queria VIVER!).
Querido Luís, bem-hajas pelo ser único e maravilhoso que és e a quem estaremos eternamente gratos.



Eu sempre fui uma grande fã do Luís enquanto ator e principalmente do menino Tonecas. Escrevi várias adaptações para representar com os meus alunos e já o fiz por diversas vezes e com diferentes grupos. Só tem ficado a faltar ter no público o verdadeiro Tonecas!









CICATRIZES DA VIDA - PARTE II

No dia 8 de dezembro abri neste meu cantinho um capítulo da minha vida relacionado com as várias cicatrizes que tenho marcadas no meu corpo (se as contas não falham são 8, umas mais pequenas e outras bem grandes!). Cada cicatriz conta a história de uma das 9 ou 10 cirurgias que já fiz (até perco a conta!).
Nessa primeira parte deste capítulo falei-vos de um grave problema de coluna que tive (e tenho!! mas com menos gravidade nos dias de hoje) e esse texto terminou do seguinte modo "ao chegar aos 65º foi colocada aos meus pais a hipótese da cirurgia com todos os riscos que a mesma podia trazer incluindo a perda do andar. Sempre que se mexe na coluna tal pode acontecer e os meus pais tiveram de tomar, se calhar, uma das decisões mais difíceis das suas vidas…
Continua num dia em que eu consiga voltar a recordar sem dor interior estas minhas primeiras cicatrizes."
Hoje estou pronta para retomar esse capítulo. Foi das decisões mais difíceis que os meus pais tiveram de tomar mas sabendo que eu estava em boas mãos e vivendo com o meu sofrimento optaram por avançar (com assinatura de um termo de responsabilidade) para a cirurgia.
Tinha 15 anos... No final do mês de julho surge o telefonema do Hospital da Outão a comunicar o dia em que ia ser internada (07/08/1992) e a data da primeira cirurgia (12/08/1992).
Não era neste  hotel com pensão completa e praia privativa que tinha programado passar as férias mas tinha de aproveitar esta oportunidade.
Nunca estamos prontos, com 15 anos para ficar num hospital (naquela altura mesmo na Pediatria os pais não podiam passar a noite connosco e esse facto tornava-se todos os dias muito doloroso para quem lá estava. Lembro-me tão bem dos gritos de um dos pequenitos que lá estava, na hora da mãe se ir embora!!) e muito menos para lá estar três semanas e passar por cirurgias tão difíceis.
Naquela altura, a ala pediátrica era no rés do chão e tinha uma parte para os rapazes e outra para as raparigas. As noites eram sem dúvida os momentos mais difíceis de passar. Mesmo olhando para aquele teto em que estavam pintadas estrelas de cor amarelo flurescente e ouvindo o som do mar, não conseguíamos deixar de sentir a falta do conforto da nossa casa e do carinho da família.  Felizmente tive duas companheiras de quarto extraordinárias que entravam nas minhas "teatradas" noturnas. Até as auxiliares e enfermeiras se tornavam belas atrizes nesse turno.
Fiz duas cirurgias (a primeira para tirar 6 costelas e parte do osso do ilíaco) e a segunda, uma semana depois para fazer o enxerto na coluna com os ossos já retirados e enfeitando-a com duas varas laterais cheias de laços e araminhos. Costumo dizer que a minha coluna parece uma árvore de Natal. Nestas duas operações entrava no bloco operatório pelas 8 h e saía de lá só por volta das 15 horas. Quando acordava, no recobro, rodeada de máquinas e fios, a primeira coisa que queria era ver os meus pais. E lá caíam aquelas lágrimas… as deles e as minhas! 
As cirurgias correram bem. Comigo tive a melhor equipa médica (desde o meu ortopedista, Dr. Palma Rodrigues, aos seus assistentes, Dr. André e Dr. Benjamim e ao anestesista, o Dr. Lemos). 
Como esta segunda parte já vai longa e ainda há muito por contar, noutro dia, continuarei e finalizarei a história que deixou no meu corpo três grandes cicatrizes mas uma coluna quase impecável (pelo menos bem mais direitinha!).

 Mais uma fotografia que esteve escondida até depois da cirurgia (julho de 1992)






NADANDO COMO UM PEIXE!

Na minha adolescência e primeiros anos da vida adulta vivi muito dedicada ao teatro e a tudo o que dizia respeita à arte de representar.
As animações eram um estilo de representação que esteve sempre muito presente na minha vida pois o meu pai criava personagens de "rua" como só ele sabia fazer. Eu estava sempre na assistência mas fui "bebendo" daqueles ensinamentos.
A certa altura integrei um grupo de atores que era contratado pela Câmara Municipal de Setúbal para com as suas animações dar vida e proporcionar momentos hilariantes à população em diversos eventos: Serração da Velha, Festas de S. Luís da Serra, Festas da Caldeira, Presépio ao Vivo, ….
Eu tive a sorte de estar presente em todas estas animações onde o nosso Fernando Guerreiro criava uma história que era a base para as nossas representações, umas com um texto fixo e outras em que o improviso era quase total. E era a improvisar e no contacto direto com o público que eu me sentia completamente realizada e feliz enquanto atriz. O meu mestre deixou-me um pedacinho desse seu dom! 
Na Festa da Caldeira criámos uma família setubalense, daquelas que nunca falha a estas festas e lá fomos de barco até à Caldeira carregados de geleiras, acessórios de praia e campismo, comida (tudo em exagero). Esta animação foi a que mais gostei de fazer. Foram muitas horas em cena e sempre sem sair da personagem e não havia dinheiro que pagasse a felicidade que ganhei naqueles momentos.
Quem sabe um dia, um pouco antes da reforma, volte ao mundo do espetáculo que tanto me fascina e no qual "nado como um peixe".







Festa da Caldeira


Festa de S. Luís da Serra

ALGUÉM PODE LIGAR AO SR. FRIO?

Não há condições! Será que o Senhor Frio ainda não entendeu que é um dos principais inimigos da Fibromialgia? Podia ao menos ir aparecendo só de vez em quando ou ir intercalando com outro companheiro seu, que seja mais bondoso para quem tem de lidar diariamente com esta doença.
Já a alguns dias que difícil é mencionar o que não me dói porque a dor instalou-se em cada articulação, de forma aguda e resistente à medicação.
Só quem tem de viver com esta "magana" é que sabe o quão doloroso é estar de pé em dias como estes (mesmo que o senhor Sol vá espreitando. Aproveito para agradecer a sua simpatia!)
Por isso, ficarei muito grata se alguém me poder fazer o favor de ligar ao Sr. Frio, a pedir para ir abrandando, uma vez que ele a mim já não me atende!


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"LUÍSA TODI" - O MUSICAL DAS NOSSAS VIDAS

No passado dia 9 de janeiro fez 6 anos que estreou no Fórum Municipal Luísa Todi para assinalar a reabertura desta sala de espetáculos, o musical "Luísa Todi".
O texto foi escrito pelo Rui Mesquita, as letras das canções foram da autoria da Alexandrina Pereira e a música do maestro Carlos Pinto. A encenação e direção de atores esteve a cargo do Miguel Assis, a cenografia de Luís Valido, os figurinos de Filipe Blanquet e a coreografia de Iolanda Rodrigues.
A minha família esteve a viver dedicada a este projeto nos meses que antecederam a sua estreia. O meu pai como ator, a minha irmã como figurante e a minha mãe enquanto costureira. Eu fiquei no público mas fui sempre acompanhando o trabalho de bastidores. Pela casa o meu pai ia cantarolando e ensaiando o texto. Que bom era ir lá a casa assistir a toda aquela azáfama: tecidos e linhas em cada canto, ouvir o meu pai cantar para mim o trecho "minha filha que dia feliz" (era o verso de uma das canções que entoava) e ver o entusiasmo com que falavam daquela produção que juntou em palco atores e figurantes de todas as companhias de teatro de Setúbal.
No dia da estreia eu ia rebentando de tanto orgulho. O meu pai já estava muito doente e interpretou brilhantemente diferentes personagens (pai da Luísa Todi, chinês e médico).
No final, na hora dos aplausos que pareciam não ter fim, chorávamos os dois (sabíamos bem que infelizmente aquele descer do pano poderia representar o fim de uma carreira e vida dedicada com maestria ao teatro).
Assisti ao espetáculo duas vezes e uma delas fui acompanhada da minha filha mais velha que ainda hoje recorda com enorme orgulho o seu avô.
Este foi, sem dúvida, o espetáculo da minha vida… o brilho dos meus olhos, na foto que tirei junto ao meu pai, no dia da estreia diz tudo!









FOLLOW ME!

Quando iniciei este meu novo projeto de vida, no dia 30 de outubro de 2018, tinha como principal objetivo partilhar as minhas vivências de 41 anos de vida. Este objetivo foi alcançado a partir do momento em que me dediquei a abrir o meu baú de memórias e a escrevê-las, com simplicidade.
De repente percebo que este meu blogue até já vai sendo lido noutros cantos do mundo (Brasil, Bélgica, Estados Unidos…) e que pessoas anónimas, que não faziam parte da minha vida começaram a visualizar o que publico. Obrigada por dispensarem uns minutos do vosso tempo a ler aquilo que vou sentindo, vivendo, aprendendo, …
A última publicação teve 94 visualizações e claro que isso deixou-me… com vontade de continuar esta caminhada!
Mas hoje tracei outro objetivo: gostava muito de conseguir nas próximas horas, dias (semana não, isso já é muito tempo!), chegar aos 25 seguidores (estou a pedir com modéstia, penso eu!).
Será que conseguimos? 






DÓI, MÓI, MAS NÃO ME DESTRÓI! NÃO DEIXO!

A "piquena" de quem vou  falar hoje e que é mais um testemunho de vida da minha singela pessoa chegou sem avisar, nem pedir licença e apoderou-se do que não lhe pertencia.
Há cinco anos atrás, depois de ter perdido o meu pai e do processo doloroso que foi acompanhar a sua doença e a sua partida, comecei a sentir umas dores no corpo generalizadas e estranhas.
Pensei que estavam relacionadas com as últimas vivências que exigiram algum esforço físico da minha parte, da minha mãe, irmã, marido, primos (de todos os que estiveram sempre presentes) para podermos tratar do meu pai com as incapacidade que foram tomando conta dele.
Mas as dores intensificavam-se… Parecia que tinha 40º de temperatura mas não, pelo contrário, até apresentava uma temperatura corporal baixa.
Lá fui à médica de família que me encaminhou para reumatologia. Fiz muitos exames que apresentavam desgaste de alguns ossos, tendinites em algumas articulações, ... Numa das consultas toca a levar uma infiltração num sítio (a dor aliviava nesse local mas logo aparecia noutro). Certo dia a reumatologista prescreveu-me três infiltrações. Comprei as injeções e... nunca mais lá apareci!
Procurei outra médica que depois de analisar todos os exames e me observar clinicamente disse com determinação: - Você tem Fibromialgia! (Que raio me saiu agora na rifa?). A forma como esta doutora me falava fez-me procurar outro clínico (Eu que eu pagava não devia ser para ouvir raspanetes! Se calhar até precisava de os ouvir mas...).
Resolvi e após sugestão de uma grande amiga procurar o "pai" da Fibromialgia em Portugal que confirmou sem qualquer dúvida o diagnóstico (Estou "tramada". É mesmo verdade).
A causa desta minha inquilina está relacionada com um trauma psicológico (foi esta a forma que o meu corpo e mente encontraram para manifestar a dor que vivia dentro de mim desde que fiquei sem a presença física do meu pai).
Neste momento sou seguida por um "doce" de médica e para além da quantidade significativa de medicação que faço tenho dado muita luta a esta "magana". Quem é ela para pensar que manda na minha vida?
Dor, tenho sempre! Mas a minha vontade de seguir em frente, estar de pé, ver as minhas filhas felizes  prevalece. E passito a passito, com mais ou menos dor, todos os dias sigo a minha caminhada pelos trilhos da vida. 

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O "DESMAME" DAS FÉRIAS

Amanhã é dia de início do 2.º período letivo, sinónimo de fim das férias/interrupção do Natal.
O voltar às rotinas não é fácil e numa família numerosa torna-se um processo ainda mais intenso q.b.
Ontem já foi difícil adormecer!! No caso da filhota mais nova até tive de inventar uma canção ("1,2,3 carneiros; 4,5,6 carneiros; eu vou contar; até ao sono chegar" - a melodia fica ao gosto e criatividade de cada um) mas já tinha o quarto cheio de rebanhos e nada de João Pestana. Ontem deve ter sido chamado para ir a muitas casas e hoje vai ser ainda mais solicitado (eu já lhe pedi para vir à minha, please!).
Temos tentado encontrar mil e um motivos para mostrar-lhes que vai ser bom voltar às aulas (rever os amigos, voltar à escola para continuar o processo de aprendizagem - e aqui começam elas a argumentar e questionar: - E os testes? E os trabalhos de casa?).
Toca a pensar na roupa que devem levar amanhã (de preferência daquelas que receberam pelo Natal), nos lanches, em horários de ir levar e buscar cada uma…
Mas com saúde e o apoio incondicional dos avós paternos e da avó materna tudo se faz.
Podes vir 2.º período (mas com tempo para nos adaptarmos), estamos prontos para te receber com os braços semiabertos.
E aí por casa estão prontos? 



Nós enquanto família estamos sempre prontos para acompanhar as nossas filhas, estando na retaguarda de olhos bem abertos e braços estendidos, dando as mãos, apoiando e acreditando "passito a passito."