O TEU/NOSSO BOCAGE

Corria o ano de 1993. A Câmara Municipal de Setúbal tinha, como era boa prática, convidar a grande dupla de atores/animadores (tu e a Isabel Ganilho) para criarem dois novos personagens para estar no pavilhão da câmara, na Feira de Santiago.
Vocês criaram então as majestosas e perfeitas estátuas do Bocage e da Luísa Todi. Um trabalho brilhante e que ficou na memória de muitos setubalenses e não só. Estas vossas estátuas até na Expo 98 marcaram presença e lá também fizeram sucesso. 
Eu fui todas as noites ver-te de Bocage. Ficava a contemplar-te, ao mesmo tempo que ia ouvindo os comentários do público e apetecia-me gritar "É o meu pai!!!". Sabia bem o quanto este personagem exigia de ti, do teu corpo...
Passados uns bons anos, já tu nos tinhas deixado fisicamente e eis que a tua/nossa Elsa teve uma daquelas ideias que só ela tem (não sei se te disse mas trabalhamos juntas, no mesmo agrupamento há mais de 4 anos): criou um momento musical e teatral para apresentarmos no dia da receção aos alunos, em que me desafiou para fazer de Bocage, de pedra e cal. O pânico apoderou-se de mim "como iria eu conseguir fazer de estátua, o teu Bocage?". Mas logo a seguir pensei que seria uma forma de te homenagear. E assim foi...
Desde essa altura que tenho dado vida estática a este personagem, em vários contextos (na quinta-feira, por exemplo, na Semana das Línguas e da Leitura) e sinto-te tão presente em mim. É um momento muito nosso, em que pai e filha se juntam num só corpo. E somos felizes nesses instantes...
Sei que estou muito longe do teu Bocage mas irei fazê-lo sempre por ti, por nós.




1 comentário:

  1. Mais uma vez a filha a homenagear o seu amado pai, tenho a certeza que ele te acompanha sempre.

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